A Guerra da Ucrânia – Capítulo 2 – Guerra 4.0
A história da guerra passou por quatro grandes revoluções. A primeira foi a descoberta da fundição dos metais. Exércitos que tinham armas de alta resistência e muito cortantes como espadas, facas e pontas de lanças de ferro dominavam facilmente os que ainda lutavam com porretes e lanças de ponta de madeira. O metal também permitia um aumento significativo da produtividade de um arado, de um carro de tração animal, ferramentas e utensílios em geral, permitindo retirar homens da produção e torná-los soldados profissionais, dedicados exclusivamente ao treinamento militar.
A Bíblia sagrada relata um período em que o povo de Israel não dominava a fundição do ferro e precisava pedir aos filisteus, seus inimigos, que afiassem seus machados e foices a preços escorchantes. Além da derrota no campo de batalha, precisavam suportar a humilhação de pedir favores ao inimigo e pagar caro por isso . Equiparar-se tecnologicamente aos filisteus permitiu aos israelitas recobrar a sua hegemonia na região, mas não por muito tempo, porque os babilônios, os gregos e os romanos estavam a caminho.
A segunda revolução foi a pólvora.
Não bastava mais construir três linhas de muralhas, de até 5 metros de espessura, como foi feito em Constantinopla, porque os canhões do otomano Maomé II, puseram as formidáveis muralhas abaixo. A vantagem dos exércitos que tinham canhões de mão – bacamartes e pistolas – sobre os que combatiam com espadas e escudos era avassaladora. Mas alguém “abriu a boca” e o segredo da pólvora se espalhou por toda a Europa, equalizando as coisas mais uma vez.
Claro que houve saltos importantes dentro do capítulo da pólvora. Na guerra Franco-Prussiana registrou-se um dos poucos combates entre tropas usando mosquetes carregados pela boca, capazes de efetuar dois ou três disparos por minuto, e tropas usando rifles com cartuchos, capazes de disparar quinze a vinte tiros por minuto. Foi um massacre. Depois disso, Richard Gatling inventou a metralhadora e os ingleses inventaram o tanque. Como destruir um monstro de ferro que ultrapassa qualquer trincheira cuspindo fogo de canhão e metralhadoras? Iniciou-se a eterna luta entre canhões mais potentes e blindagens mais grossas. Depois vieram as granadas de mão, minas terrestres, o bombardeio aéreo, torpedos e os primeiros mísseis.
A terceira revolução está nos cinemas. Oppenheimer. A bomba atômica. Uma bela manhã sobre o Japão dividiu o mundo entre os que tinham armas nucleares e os que não tinham, muito acima da guerra ideológica e das capacidades militares dos contendentes. Mais uma vez, alguém “abriu a boca” e logo o segredo do átomo se espalhou pelo mundo – não por ele todo. Os detentores do segredo sabem que tiranetes malucos não podem ter tamanho poder destrutivo. Na verdade, aos olhos do líder de uma potência nuclear, nem os seus aliados podem. Serão aliados para sempre?
A quarta revolução das armas está em curso.
Mísseis antiaéreos como os “Sidewinder” de última geração, têm que receber informações do radar do avião que o lançou, integrar com as informações do seu sensor de calor e ordenar movimentos às suas aletas para atingir seu alvo, voando a 3.000Km/h. O tempo de integração das informações e emissão de comando para as superfícies de vôo é ínfimo. Imagine, então, a velocidade de processamento necessária a um chip instalado na ponta de uma munição de canhão de 120mm do tanque israelense “Merkava 4”. Ao sair do cano do canhão, a munição recebe por Wifi a informação de que deve detonar-se ao cruzar com uma munição inimiga, para destruí-la no ar, antes que atinja o alvo. A velocidade de saída deste projétil é de 1.650 metros por segundo. Seus sensores internos devem detectar a munição inimiga e explodir o mais próximo possível dela. Isso quer dizer que o sensor deve detectar a diminuição da distância até que, com uma munição passando pela outra, detecte o primeiro aumento de distância – este é o momento da explosão. Os dois projéteis estão em direções contrárias um do outro, portanto as velocidades somam-se. Se o projétil agressor estivesse parado no ar, o projétil israelense estaria a mais de 3000 metros por segundos, ou 9.600km/h. Isto quer dizer que a distância de um metro entre eles se cumpre em apenas um terço de um milésimo de segundo. O chip tem este tempo para detectar, emitir a ordem e explodir a munição. Os falados mísseis hipersônicos russos, os famosos mísseis antimísseis Iron Dome israelenses e os Patriot americanos dependem destes formidáveis chips de ultravelocidade. E esta é a nova corrida tecnológica da história das guerras. (Talvez a última, porque a penúltima, a nuclear, está sendo reeditada pelos coreanos, chineses, iranianos e russos.) Quase 90% dos chips de ultravelocidade necessários a estas armas de última geração, são desenvolvidos e fabricados em Taiwan, motivo pelo qual o Presidente chinês Xi Jinping tem pressa em tomar a ilha e os americanos e japoneses não podem permitir. Russos e norte-coreanos vão ajudar os chineses no que puderem, porque também estão desesperados por estes chips. O míssil hipersônico de Putin, que deveria atingir Bakhmut a 12.000Km/h, só atingiu 4.000Km/h, provavelmente por falta de recursos eletrônicos.
A Ucrânia não recebe apenas ajuda militar da Otan: recebe material bélico de última geração para testes em situação real. Israelenses, americanos, franceses e alemães enviaram unidades de seus últimos equipamentos e munições para testes. Claro, testes em condições limitadas. Não se pode correr o risco de deixar tecnologia de ponta cair em mãos inimigas. Iranianos, norte-coreanos e chineses fazem o mesmo pelo lado russo, testando suas próprias versões da próxima novidade em tecnologia militar.
Ao vencedor, as batatas.
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