A ignorância sagaz – a origem do mal

A ignorância sagaz – a origem do mal

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Os amigos do “Conexão Libertas” me questionaram sobre o silêncio de minhas publicações.

Para respondê-los preciso explicar como funciona o meu processo de inspiração, que é 100% emotivo. É assim: vejo algo que julgo bom ou ruim, jogo no processador mental, que começa pelo coração e migra para a razão, e deixo fluir o texto. Poucas vezes ele termina coerente com o assunto inicial.

Nas últimas semanas, foram três os artigos que ficaram pela metade, considerando que o processador mental aqui é Intel i3, das primeiras gerações, com pouca memória RAM, e que, afinal, não superamos os desafios da vida comum de um pai trabalhador.

Hoje o desafio que me propus é relacionar a ignorância, a arrogância e o mal.

E o faço em vista de seis estimuladores: uma conversa com um amigo oficial superior do Exército, já na reserva, que questionava atitude de um colega de turma na AMAN que se posicionou politicamente e foi perseguido ferozmente por isso, apesar das advertências de seus pares sobre o risco de perda de cargos comissionados a ele e à esposa dele garantidos como “reforço de orçamento”; uma conversa que tive com uma amiga há cerca de quinze anos, na qual ela defendia a irrelevância da necessidade de cultura aos eleitos para cargos públicos; uma atual postagem na rede social feita por um amigo do Rio grande do Sul, partidário da situação que, embora aparentemente bom e honesto, maldosamente ironizava as preces feitas pelos presos políticos do 8 de janeiro de 2023, e que se fiavam na intervenção do “Messias”; as estúpidas declarações do Presidente da República contra a guerra de Israel contra o Hamas; uma postagem no Instagram feita por outra amiga, essa típica inocente útil, de que a parada gay teria reunido mais pessoas que a manifestação na Avenida Paulista do dia 25/02/2024 e, finalmente, minha impressão sobre o filme “Hannah Arendt – Ideias que chocaram ao mundo”, disponível na plataforma Brasil Paralelo.

Vou começar pelo filme, sem o cuidado de evitar “spoilers”. Nele, a filósofa judia Hannah Arendt foi convidada por um grande veículo jornalístico a fazer a cobertura do julgamento do nazista Adolf Eichmann em Jerusalém, após sua cinematográfica prisão e deportação em Buenos Aires. Esperava-se que ela concluísse seu trabalho filosófico-jornalístico, após a sentença final, por caracterizar o nazista como um genial demônio dolosamente assassino. Mas não foi bem isso que ocorreu.

Para o desgosto geral, que rendeu à filósofa grande repúdio de seu próprio povo à época, o livro “Eichmann em Jerusalém – Um relato sobre a banalidade do mal” a autora concluiu – segundo eu deduzi – que o mal resulta da perigosa junção entre as conveniências do momento, a ignorância e à tendência humana de não assumir a iniciativa de seus atos maliciosos, justificando o mal que pratica em motivos e ações fora de si, coletivamente considerados superiores. Tudo isso subverte a ordem real de valor, pondo os valores reais, sobretudo a vida e a liberdade, em plano secundário.

Se eu pudesse resumir numa frase tosca, assim escreveria: o mal é fruto da arrogância somada à estupidez e ao fingimento, que nos afasta daquilo que é mais importante para nós.

Aí me lembro dos outros fatos-estímulos que antes citei. O amigo oficial superior do Exército via no posicionamento político honesto do colega, agora perseguido pelo sistema, um ato sem propósito prático, já que ele se sacrificou, e à família, “à tôa”(sic.). A amiga da conversa há quinze anos não via na ignorância um impedimento para que alguém fosse eleito e exercesse um cargo público, ainda que isso gere o caos e a miséria. O amigo riograndense propositalmente ignorava que um dos presos poderia ser um parente ou amigo dele, que tivesse pensamento diverso (como eu próprio), e que a situação poderia se inverter desfavoravelmente a ele ou a alguém por ele amado no futuro. O Presidente da República, ignorantemente, numa, dentre inúmeras frases malditas, pôs o mundo contra si, revelando mundialmente a serpente que escondia no fundo do cesto de flores. A amiga que comparou a manifestação do dia 25/02/2024 com a parada LGBTQIA+, valendo-se de paralelo desconexo e homologando números risíveis para qualquer cidadão de QI mediano e um mínimo de senso de proporções, expôs-se quanto à maledicência, infantilidade, despeito e ignorância. Todos eles revelaram, de algum modo, a banalidade do mal que alimentam sem perceberem.

Por isso, amigos, diferentemente do que muitos acreditam, penso que a guerra cultural nunca terá fim em processos eleitorais ou politicamente revolucionários.

A força do cinismo e da violência pode embotar, mas nunca apagar uma chama.

Apenas o convencimento honesto, embasado na lógica, na cultura, no bom senso e na razão tem a força suficiente para esclarecer as multidões, trazendo prosperidade e paz.

As relações políticas e sociais hodiernas ainda se baseiam em relações de poder pelo poder, usando os mesmos métodos de propaganda e repressão para controle de massas, fazendo-o pela porta larga do ódio e da aversão repetidamente fomentados.

Urge ao movimento conservador superar suas justas revoltas ante as notórias e reiteradas agressões, maldosas e mentirosas, fugindo do uso das mesmas armas que o inimigo.

O que eles chamam paradoxalmente de “amor”, “bem”, “verdade”, “legalidade”, “estado democrático de direito”, bem o vimos, traduz, na prática, uma enorme inversão do significado real disso, antevista por George Orwell ante sua constatação do que realmente significa a busca totalitária e ditatorial.

O “Ministério da Verdade” está a todo vapor, torturando aos poucos nas “câmaras do amor” e, pasmem, sendo aplaudido por muitos que se autoconsideram bons… Acusam-nos daquilo que fazem pomposamente, sem corar suas faces umidificadas por suas piedosas lágrimas de crocodilo.

Mas, como diria minha avó, “a mentira tem perna curta”. Ninguém consegue fingir bondade por muito tempo. Vemos a máscara cair e o mal – arrogante, estúpido e sagaz – mostrar sua incapacidade de se manter agregado por muito tempo. É uma cobra rindo-se por comer o próprio “rabo”.

É por isso que iniciativas como a do Conexão Libertas são tão importantes.

Somos pessoas comuns, que lutamos – e como lutamos – diariamente pela sobrevivência e pelos valores que compreendemos serem os melhores e mais justos para todos. Buscamos, cada qual ao seu modo, expor honestamente o que pensa e sente ao mundo, na esperança de que, de algum modo, incentivemos outros a fazerem o mesmo, rasgando os véus da perigosa ilusão que tem tornado tão más, sem perceber, pessoas que têm tudo para serem boas.

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