A vela moral
Ainda me lembro das palestras instrutivas que, vez por outra, meu antigo empregador, uma empresa transnacional globalista da família Agnelli, contratava para trazer sua visão de negócios. Em regra, eram professores de cursos de administração e MBA que traziam as respectivas experiências empresariais que, segundo eles próprios e seus egos inflamadíssimos, eram sempre muito bem sucedidas.
Sempre recheados de jargões, termos em inglês e fórmulas infalíveis, um elemento era comum em quase a totalidade dos discursos: o termo “resiliência” e a expressão “ajuste das velas” ante a alteração da direção dos ventos do mercado. E dá-lhe exemplo do bambu – não aquele do Silvio Santos –, mas da planta mesmo, que se enverga sem quebrar.
Parecia muito lógico. Afinal, se o veleiro não ajustar as velas, romperá o mastro e não completará seu percurso. Por isso, os aplausos eram garantidos a quem usasse essas frases prontas.
O problema não é o conceito de se adaptar às intempéries, mas compreender que a ventania não é natural e que, no final das contas, não tem lógica ou prazer sobressair-se como vitorioso e chegar ao porto, se o custo da vitória é a miséria, a infelicidade e a desgraça próprias e alheias.
Por certo que não estou falando de dinheiro. Figuras do naipe das famílias Soros, Rockefeller, Rothschild, Ford, Gates, Odebrecht, Batista (do Joesley e Wesley), etc. já nos provaram cabalmente que o dinheiro e o poder chegam facilmente àqueles que não possuem escrúpulos morais, por eles tidos como obstáculos ao sucesso. Falo, pois, de valor real, embora não palpável.
A moral pode ser conceituada como conjunto de valores pessoais que fazem alguém escolher entre o que considera certo ou errado. A ética é a coerência, em atitudes, que a pessoa exerce com a sua moral, que deveria fazer com que o indivíduo prefira praticar o que é certo e não praticar o que não é.
Como conciliar isso com o conceito de resiliência, que se baseia na flexibilidade do bambu e na mudança das velas?
Certo, valores morais pessoais revelam a busca de um valor moral maior, que apenas é encontrável em Deus. A essência da bondade, portanto, se revela na busca em rever os próprios valores até o ponto de afiná-los ao referencial Divino. Mas isso não importa em ignorar que já possuímos valores morais algo afinados com os maiores. Flexibilizá-los ao sabor dos ventos sob o pretexto de progresso material importa em nos afastarmos de nós próprios e do Criador.
Existe fórmula melhor para ser infeliz?
A vela moral, portanto, possui limites de flexibilidade e direcionamento. Fora disto, é abrir a tal Janela de Overton até gerar um abismo equiparável ao estabelecido entre o rico e o Lázaro, no Hades.
Chegamos ao tempo da escolha. Não se pode servir a Deus e a Mamon, ensinou-nos Jesus. Ou, já que estamos falando de velas, “não se pode acender uma a Deus e outra ao Diabo”, no jargão popular.
Isso nunca ficou tão claro como agora no Brasil, em que juízes de vários graus vendem abertamente suas almas à repentina mudança dos ventos gerada pela corte suprema em todas as áreas em que ela se mete; políticos legislativos vendem seus votos sagrados a troco de migalhas de orçamento secreto, ora denominados “emendas de relator” e políticos executivos ditam e impõem, a torto e a direito, suas visões deturpadas da realidade, perseguindo e silenciando seus opositores e gerenciando a nação como um bando de orangotangos excitados e deslumbrados, cercado de chimpanzés interesseiros e bajuladores.
E aí voltamos à questão principal: devemos redirecionar as velas morais em conformidade com os ventos? Não é possível que, se não o fizermos, o mastro se quebre?
Respondo, não sem algum pesar, já que preferia não fosse assim: têm horas em que é necessário “quebrar o pau”!
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Excelente análise! Lembrei-me da minha família que sempre dizia para não sermos bananeiras e balançar para onde o vento levar. Essa é, de fato, a postura do banana! Bom mesmo, como diz o texto, é saber qual o melhor vento que irá nos conduzir!
Ah, a referência ao “bambu do Sílvio Santos” foi hilária… kkkkk