Brasília é a capital do lobby, afirma presidente do STJ

Brasília é a capital do lobby, afirma presidente do STJ

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Herman Benjamin, rejeita classificar como crise o atual momento vivido pelo tribunal, que está no centro de investigações sobre supostos esquemas de vendas de decisões judiciais.

Em entrevista exclusiva ao jornal Folha de S.Paulo, Benjamin admitiu que o STJ não tem conseguido impedir completamente a prática de malfeitos, mas reforça que as investigações sobre o caso continuam e que há ações em curso.

+ Leia mais notícias de Política em Oeste

O magistrado definiu Brasília como “a capital mundial dos lobistas”, mas disse que muitos vendem acesso que não têm a ministros.

“O STJ não vive uma crise, exceto a de volume gigantesco de processos”, afirmou à Folha. “O que temos são fatos isolados de uns poucos servidores que destoam da maioria dos integrantes da Corte, e que estão sendo investigados por alegações de venda de decisões.”

“Em qualquer lugar do mundo, infelizmente, há sempre pessoas que não respeitam o interesse público, descumprem as regras mínimas de convivência republicana e não têm preocupação com a imagem da instituição à qual pertencem”, acrescentou.

YouTube video

Segundo Benjamin, dois servidores já foram afastados. Ele destacou que o STJ tem mais de 5 mil servidores e que a investigação envolve um número muito pequeno de magistrados.

Ele afirmou que os servidores e os ministros estão “muito incomodados, porque trabalhamos para fazer do STJ uma Corte exemplar”.

“O STJ tem um concurso de ingresso rigorosíssimo”, destacou à Folha. “Mas, evidentemente, não conseguimos ser uma instituição que impeça completamente a prática de malfeitos. Não há instituição no mundo que tenha conseguido.”

“O que temos feito é criar mecanismos para dificultar a atuação de criminosos externos e internos, com ferramentas que indicam quem acessou qualquer processo”, disse.

Perguntado sobre como impedir esse tipo de acesso, Benjamin afirmou que os ataques ocorrem por “profissionais do crime”.

Leia mais

“Brasília é a capital mundial dos lobistas, mas não o lobby legalizado, como em outros países”, destacou o magistrado. “O lobby em Brasília é feito em restaurantes, até em funerais, missas, cultos religiosos. Muitas vezes, se vende acesso a ministros quando não se tem, mas há muitas pessoas crédulas a esses charlatões.”

Leia também: “Venda de sentenças: denúncias expõem conexões suspeitas no STJ”

“Vivemos num clima de vulnerabilidade, ainda mais porque damos palestras, participamos de eventos institucionais”, afirmou. “Aceitamos tirar fotos sem pedir carteira de identidade, folha de antecedentes, e elas podem ser utilizadas para mostrar intimidade e influência com ministros, quando isso não existe.”

Presidente do STJ critica ministros que se envolvem em polêmicas

O ministro falou ainda sobre a participação de magistrados em eventos, até no exterior, bancados por empresários.

“A magistratura não é carreira para quem quer ser rico, famoso e ou que não gosta de trabalhar”, disse. “A principal característica do magistrado é a reserva, saber que o seu lugar e voz se manifestam nos autos.”

Leia também: “Justiça barra R$ 180 mi em royalties a parentes de ministros do STF e STJ”

“Querer ser reconhecido nas ruas, se envolver em polêmicas ou ter proximidade exagerada com a classe política é incompatível com a magistratura”, acrescentou. “É muito comum que a má conduta de um reflita na instituição como um todo. Quem não quer essas responsabilidades não pode ser juiz, deve procurar uma outra profissão.”

source

Gostou do nosso conteúdo? Considere nos apoiar!

❇️ Doação única
➡️ https://livepix.gg/conexaolibertas

🥉 Apoiador Bronze (R$ 5,00 mensais)
➡️ https://livepix.gg/conexaolibertas/apoiador-bronze

🥈 Apoiador Prata (R$ 15,00 mensais)
➡️ https://livepix.gg/conexaolibertas/apoiador-prata

🥇 Apoiador Ouro (R$ 30,00 mensais)
➡️ https://livepix.gg/conexaolibertas/apoiador-ouro


Descubra mais sobre Conexão Libertas

Inscreva-se para receber as últimas postagens enviadas para seu e-mail.

Deixe um comentário