Como pragmatismo utilitarista tem nos afastado de nós mesmos
A maioria dos leitores, ao ver esse título ou o nome do autor desse artigo – já que gosto de explicar bem as coisas – provavelmente passará para o próximo texto. E isso é uma pena, pois esses são os que mais precisam dele.
Embora o ideário socialista tenha o pragmatismo utilitarista por base, já que vê o indivíduo como peça de um sistema coletivo, e um instrumento deste, na condição de “homo economicus”, facilmente o encontraremos em todas as partes, inclusive em nós.
A maioria de nossas decisões tem sido orientadas, ainda que inconscientemente, pelos seguintes critérios: facilidade, rapidez, praticidade, custo-benefício, popularidade.
Os exemplos são vários: busca de medicamentos e suplementos para alcançar o corpo e o bem-estar ideais; escolha de profissões / negócios que rendam muito dinheiro rápido com pouco esforço; frequência a ambientes religiosos que tragam salvação sem esforço; vitória político-ideológica com voto em “salvadores da pátria” e eliminação da oposição; satisfação da libido sem compromisso ético com os compromissos familiares; superexposição em mídias sociais para ganhar aprovações e seguidores, etc.
No atual momento mundial, com ênfase na crise ética brasileira, cada indivíduo tem sido convidado a refletir sobre suas bases ideológicas, seus propósitos e seu estilo de vida. É o paradoxo entre o materialismo e a espiritualidade que, não obstante os esforços de quem os quer manter misturados, fazem-nos separar, tal como o óleo e a água.
É justificável a ânsia em agregar mais pessoas àquilo que defendemos. Mas agremiar sem propósito definido é copiar o cão que persegue, freneticamente, o pneu do carro em movimento, mas não sabe o que fazer quando o carro para.
Reunir pessoas contra algo é estratégia antiga, dado que a raiva, o ódio, a indignação são sentimentos básicos e primitivos. E, para aqueles que estudam a mecânica do pensamento, é incontroverso que, antes de pensarmos, sentimos. E eis a cilada da frase pronta e do texto indignado publicado: agrega, mas sobre uma base divisionista e odienta.
E o uso pragmático e calculista dessa estratégia tem gerado dízima periódica infinita, na qual grupos antagônicos, com o uso da maledicência arquitetada por inteligentes e desumanos profissionais do marketing, formam legiões que, quando alcançam o poder pela maioria, subjugando o adversário, sequer sabem o porquê real de tê-lo feito. Aturdidos pelo êxito da vitória, permitem-se dominar pelos manipuladores que, contraditoriamente, fazem o oposto do que prometeram, jurando, contra todos os fatos, que não o fazem. E não nos enganemos: isso também é estratégia, pois os opositores vencidos, identificando a fraude, permanecerão inutilizados acionando-se na crítica, esquecendo-se dos próprios ideais superiores.
Os movimentos neomarxistas, com os seus poderes de manipulação há muito arquitetados e exercitados, fazem de nós, opositores, tal como criancinhas brincando de adultos. Riem-se e chamam-nos de “reaças”, pois sabem que suas atitudes ofensivas e contraditórias encontrarão ressonância em nosso peito indignado e que nos ocuparão e isolarão em bolhas específicas de pensamento.
E qual é a lógica disso? Aos poucos o movimento opositor, inicialmente inflamado pelas injúrias, calúnias e difamações dos adversários, ressente-se e abafa-se, dando aos indivíduos despertos as sensações de angústia, frustração, cansaço, desânimo e medo. Isso porque a agitação fomenta, mas não alimenta.
O bom comandante na guerra, logo após um ataque, exitoso ou não, reagrupa seus subordinados. Inventaria perdas e ganhos, verifica os recursos que possui, estuda suas próprias fraquezas e promove suas fortalezas. O faz, também, quanto ao inimigo.
E a maior fortaleza, ante a atual guerra velada, é perceber a artificialidade social, consubstanciada no cinismo e na falsidade das relações humanas. A sociedade está atiçada, mas não está alimentada!
É por isso que o movimento conservador tem caráter de tal modo orgânico, visceral. É a ânsia de viver verdadeiramente, em plenitude, que motiva seus adeptos. Todos, independentemente de nossas crenças, denunciamos enorme fome de algo real, simples e honesto que nutra e hidrate nossas almas ressentidas e ressequidas!
Num mundo em que o coletivo subtraiu o valor de cada um – como se fosse causa, e não efeito do desejo de agregar – não é surpreendente o surgimento da verdadeira pandemia: a de problemas psicológicos de variados matizes e de sociopatia que vige nos ambientes de relação humana. E é exatamente sobre cada alma, individual, que o movimento conservador deve focar seus esforços, afinal, apenas deseja conservar-se aquilo que é digno disso.
É o fim da era do poder pelo poder, do prático pelo prático, do custo-benefício sem propósito.
Sim, queremos adeptos, mas não somente um número elevado que nos confira respaldo estatístico: queremos amigos que se vejam como irmãos muito importantes, que pensem, que meditem, que sejam intensos, mas calmos e lógicos no falar, ponderando, com dignidade, o que deve ser conservado e o que deve ser aperfeiçoado. Numa frase: que não precisem destruir para edificar.
Doravante queremos voltar a ser alguém – e não só parte de algo; queremos realmente ter família – e não só um aglomerado de gente na mesma casa; queremos nos ligar a Deus de corpo, prática e alma – tirando da religião o caráter materialista e utilitarista imposto pelo progressismo; queremos uma pátria de pessoas que renunciariam à própria vida e aos interesses particulares em nome de algo maior – e não apenas um território desprovido de valores sagrados e ideais.
Qualidade ou quantidade? Bem, acredito que apenas um pouco de fermento dos bons tem o poder de levedar toda a massa.
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