Conversar para quê?
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O ser humano (sem hífen, ou seja ser – verbo – humano – substantivo) é, por essência, conversar, “trocar” ideias, concordar, discordar, dialogar, barganhar, discutir, debater, aprender uns com os outros, ter contato com pessoas e, assim, ideias, conhecimentos, histórias diversas!
O ser-humano (substantivo composto), como dizem os filósofos da linguagem, são, se manifestam, se constituem na, pela e através da linguagem.
Na minha humilde opinião, esses notáveis filósofos contemporâneos apenas reiteraram a “quididade” (do grego, essência) do ser-humano já nos presenteada por Aristóteles, quando nos definiu como sendo Zoon Politikon (zoon: ser vivo, ser biológico, animal; politikon: que é a pólis, que é da pólis, que é política, que faz política, que vive politicamente, que constitui e é constituído na Pólis; Pólis: mais que uma cidade, que um lugar físico, geográfico, pólis é uma essência, um modo de ser, um modo de vida, uma cultura).
Então, nós, seres-humanos, somos humanos pois somos Zoon Politikon, somos esses animais políticos, no sentido da Pólis! E a Pólis se manifesta, se “materializa”, se constitui na e pela conversa entre as pessoas!
Conversar: com, ou seja uma pessoa COM outra pessoa, juntas; versar: se expressar, contar histórias, discutir, debater, concordar, discordar, aprender uns com os outros.
Com isso, eu, que não sou filósofo nem nada (um desses filósofos da linguagem e da fenomenologia, certa vez, teria dito: “o nada nadifica”…), faço minha tradução livre e despretensiosa da definição de Aristóteles (que o mestre me perdoe).
Zoon Politikon: o ser que conversa, consigo mesmo e com os outros!
Daí a importância, por exemplo, das praças nas cidades, das calçadas largas, das feiras, das esquinas, das mesas de bares, restaurantes e afins, nas varandas e nas calçadas, enfim, uma cidade que possa ser uma Pólis, cheia de lugares que proporcionem e permitam o encontro entre pessoas, encontros marcados ou fortuitos, entre pessoas conhecidas e desconhecidas, encontros que permitam conversas, que reproduzam a essência do Zoon Politikon!
E, em tempos atuais, se os locais de encontro, além dos espaços físicos, passam também a ser os espaços virtuais, eis a tremenda importância das tais “redes sociais”, das vídeo chamadas, e de toda essa tecnologia de Internet, que se tornaram novas formas de “praças públicas”.
Uma democracia, cuja origem etimológica advém do grego, também pode ser definida como, especialmente, uma forma de convivência humana, do Zoon Politikon, baseada na liberdade de se conversar, sobre tudo, de se expressar e assim, de aprendermos uns com os outros.
Civitas, cidade em latim, deriva de Pólis; então o Cidadão, aquele que é civilizado, que vive na cidade, nada mais é do que o Zoon Politikon.
Ora, ser civilizado é ser Zoon Politikon, de modo que só somos civilizados quando conversamos uns com os outros!
Portanto, a liberdade de expressão é a essência de uma civilização democrática. Quanto mais liberdade de expressão, mais conversa livre, espontânea, mais democracia. E quanto menos liberdade de expressão, mais ditadura.
Por isso, uma Pólis, uma civilização abundante de praças, físicas ou virtuais, será próspera em democracia, enquanto que uma organização que limita ou elimina as praças, a conversa, a liberdade de expressão, jamais poderá ser chamada de Pólis, de civilização, pois será uma pura ditadura.
Por Hudson Freitas
Professor de Karate-do no Dojo Shinkokyu-kai, Professor de Direito, Advogado
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