Da dor à superação: Uma jornada de resiliência e transformação
A vida é uma montanha-russa de experiências, e, muitas vezes, os desafios que encontramos ao longo do caminho testam nossas forças e nossa resiliência. Nos últimos anos passei por momentos extremamente difíceis que, por um lado, foram dolorosos e, por outro, se tornaram catalisadores da minha transformação pessoal. Gostaria de contar um pouco do que vivi a vocês e, quem sabe, sensibilizar e incentivar quem precisa.
Cada dificuldade se transformou em uma oportunidade de aprendizado, revelando não apenas a minha resiliência, mas também uma nova perspectiva sobre a vida e suas adversidades. O que antes me parecia arrasador tornou-se lição e convite para a superação, servindo de reflexão que compartilho com os leitores.
As provações vêm desde a infância, por ser uma pessoa negra em um país racista e preconceituoso. Tinha de provar a todo o momento minha capacidade intelectual sempre mais que os meus colegas brancos que, por vezes, faziam bem menos que eu. De apelidos depreciativos à dificuldade para participar em um grupo, sempre tive de me destacar no que fazia e protagonizar a minha caminhada. Não estou me vitimizando, apenas relatando fatos que fazem sentido quando olhamos o viés inconsciente das coisas.
Nos últimos três anos, porém, pude sentir a máxima intensidade daquilo que denominamos provação e resiliência para suportar tanta dor. Acredito ter feito a escolha certa para cada uma delas e a jornada contínua a cada dia com uma nova descoberta. Vamos a elas…
A primeira grande provação começou com a minha filha mais nova. Estávamos em um almoço de Páscoa, no domingo de 2022, com a família em minha casa. Ela estava super bem. Na segunda-feira ela acordou indisposta e, ao final do dia, quando a levei ao hospital, simplesmente parou de andar. Ela, sempre ativa e cheia de vida, sofreu uma condição até então desconhecida, que a fez perder os movimentos da cintura para baixo. Ver minha própria filha enfrentando um desafio tão significativo foi, sem dúvida, uma das experiências mais difíceis da minha vida. Sentir a dor e o desamparo ao vê-la lutar para se mover, para recuperar a confiança e a alegria, me fez pensar e olhar a vida ainda mais de forma diferente. Por vezes reclamamos de problemas que são ínfimos diante de dores que realmente são impactantes e relevantes na vida de alguém. Potencializamos, às vezes, o imaginário daquilo que não tem relevância alguma apenas para satisfazer nossa vaidade ou ego, nos tornando cegos para aquilo que realmente importa. Tornei-me seu maior apoiador e testemunhei sua luta com admiração. Sua capacidade de superação se tornou um exemplo constante para mim. O amor e a esperança que compartilhamos nos motivaram a enfrentar cada dia com coragem. Depois de alguns longos meses, mais de um ano, ela recuperou suas forças nas pernas, reestabeleceu suas sinapses neurais e se preparou para enfrentar a jornada adiante, sem quaisquer impactos físicos. Mas teve um fato que ajudou muito nisso.
Certo dia, a ouvi conversando sobre um cachorro, que precisava falar com seu pai e me antecipei e perguntei:
一 O que foi filha, que cachorro é este?
一 Ela respondeu: Pai, enquanto estava na fisioterapia fazendo os exercícios na sala de tratamento, uma cachorra entrou no prédio, na minha sala, subiu na maca em que estava, começou a me lamber e não deixava ninguém chegar perto. Eu a adotei, papai, peguei e a levei para a casa da vovó. Eu posso ficar com ela?
一 Como assim filha? Já temos um cachorro…
一 Mas, pai, ela é tão linda e tem alguma coisa de diferente nela!
一 Filha, se você se sentir melhor e voltar a andar, pode ficar com ela.
一 Pai, mas ela é grande…
一 Filha, se te faz bem e vai voltar a te ajudar a andar, pode ser do tamanho de um cavalo que vamos trazer aqui para o nosso apartamento!
Vi nos olhos dela ainda mais luz e determinação após aquela resposta, e assim fizemos. Chegou a Sol, cachorra de rua, da raça Shiba Inu, que ajudou no processo de recuperação da pequena filhota. Cabe destacar que dois meses depois, Sol deu cria a 5 cachorrinhos, sendo que mais uma ficou no apartamento. A Lua, cachorra preta, pela qual Sophia se apaixonou quando ajudou a Sol na hora do parto.
E semanas depois, pasmem, minha filha já estava usando um andador e a cadeira de rodas, com muita dificuldade, apoiando a sua recuperação. Percebam que o esforço valeu a pena, que a escolha, contrariando às vezes uma lógica por já ter um cachorro em casa, fez sentido. Uma cachorra de rua que chegou e foi o pilar da recuperação de Sophia.
Porém, em meio a essa luta da Sophia pela sua recuperação, uma nova tragédia assolou a minha vida. Perdi meu pai, um homem sábio e amoroso que sempre foi meu guia. Em seus últimos dias ele compartilhou algumas reflexões valiosas comigo, angustiantes, porém necessárias. Ele me alertou sobre a importância de cuidar de si mesmo e de valorizar cada momento da vida. Ele sempre desejou ter feito mais por sua saúde e bem-estar, mas procrastinou. Foi um atleta do futebol, apaixonado pelo Clube Atlético Mineiro, que teve seu pai, meu avô, como exemplo. Contundiu-se ainda jovem, literalmente quebrou o joelho e fez apenas o tratamento de emergência, sem finalizá-lo, até porque não tinha condições para tal. A consequência foi que, no auge dos seus 87 anos, não partiu por uma patologia comum dessa idade como câncer e outras complicações, mas, sim, por um choque séptico em função da infecção originada no fatídico joelho. Teve oportunidade de tratar antes disso, mas a responsabilidade de criar os filhos e de sustentar a casa sempre adiou esta tomada de decisão por demandar muito tempo em recuperação e fisioterapia. As palavras dele ecoaram em minha mente, como um “upper” do Mike Tyson em meu queixo – um lembrete de que a vida é preciosa e efêmera.
Após sua morte, senti um turbilhão de emoções: tristeza, raiva, e uma imensa vontade de honrar sua memória. Decidi que precisava mudar, não só por mim, mas também por minha filha e pela memória do meu pai. Descobri aos 50 anos que a felicidade deve residir em mim, para, depois, expandir para o outro. A dor que experienciei me impulsionou a tomar uma decisão fundamental: eu iria cuidar de mim mesmo, deixar o sofrimento de lado, retirar tudo aquilo que me fazia mal e encontrar a minha felicidade. Passei a focar na minha saúde, na minha força interior e no meu bem-estar.
Cada indivíduo possui suas próprias escolhas e trajetórias, e o que funciona para um pode não funcionar para outro; não existe a famosa “receita de bolo”. Cada um é responsável por suas decisões e viverá com as consequências delas, refletindo sobre suas experiências e aprendendo com elas. O vitimismo, por sua vez, raramente traz soluções e, muitas vezes, apenas perpetua um ciclo de estagnação e desamparo. A arrogância de se fazer de “fodão” e não buscar ajuda quando necessário revela mais fragilidade do que fortaleza. Pedir apoio é um sinal de coragem e autoconhecimento, uma escolha que nos permite crescer e avançar em nossa caminhada.
Busquei fazer terapia para começar a entender e cuidar do meu emocional. Encontrei Ana, uma psicóloga que me ajuda e orienta até hoje, verdadeiro anjo em minha vida. Busquei orientação médica com minha irmã que é profissional do ramo de primeira linha, e que me indicou outro anjo, Dra Soraya, que foi responsável pela transformação física, fazendo com maestria a cirurgia bariátrica, com enorme êxito e competência. A jornada foi cercada de obstáculos, momentos de fraqueza e dúvidas. No entanto, cada quilo perdido representava não apenas uma conquista física, mas uma vitória emocional. Emagreci mais de 45 kg, mas, acima de tudo, recuperei a minha saúde e a minha autoestima.
Não se trata apenas da perda de peso, se trata de saúde, disposição para realizar atividades que antes não realizava e entender algumas situações pessoais e de relacionamento que passava. A somatização reflete diretamente no corpo, impactando negativamente o bem estar e a vida.
Além dessa transformação, ainda descobri com a ajuda da melhor cardiologista que conheço, amiga de minha irmã, que tinha três vasos coronarianos entupidos, um 100%, outro 50% e, o principal, 80%. Tive mais uma ação de excelência para tratar esta enfermidade e permitir minha plena recuperação, agora com coração turbinado. Percebam como uma coisa está interligada a outra: sobrepeso, angústia, tristeza, doença, estresse, depressão…
Aos meus anjos da saúde, minha gratidão!
Essa transformação não foi apenas sobre aparência, mas sobre uma mudança de “mindset”. Pra fechar o pacote, me divorciei e troquei de emprego. É necessário se permitir e permitir que o outro também encontre e busque a sua felicidade.
Eu aprendi a valorizar cada novo passo dado e cada pequeno progresso. Quem é a pessoa mais importante na sua vida? Muitos respondem: meu filho (a), minha mãe, meu pai, meu pet…. E se eu disser que não é nenhum deles, mas é VOCÊ???
Através dessa jornada, conheci mais sobre a resiliência que habita em mim. Aprendi que o sofrimento pode nos transformar de maneiras surpreendentes, que a vida é cheia de altos e baixos e que, mesmo nas situações mais desafiadoras, sempre existe a possibilidade de renovação e crescimento.
Hoje, olho para trás e vejo não apenas as lutas, mas também a força que emergiu a partir delas. Cada dificuldade foi uma oportunidade de aprendizado, cada lágrima, uma planta de coragem que floresceu em um jardim de novas oportunidades. A memória do meu pai me guia, inspirando-me a cuidar de mim e a ser um exemplo para minhas filhas.
A vida pode ser dura, mas também é cheia de possibilidades. Que possamos sempre encontrar a força para superar os desafios, a energia para nos reerguermos e o amor que nos une e impulsiona para seguir em frente.
A perseverança é uma virtude essencial para qualquer bom lutador, seja na vida pessoal, profissional ou em qualquer desafio que se apresente. Um verdadeiro lutador não se deixa abater pelas dificuldades; ao contrário, ele as vê como oportunidades de crescimento. Estipular metas é uma estratégia fundamental nessa jornada. Ao definir objetivos claros e alcançáveis, ele consegue direcionar seus esforços e medir seu progresso.
Vencer um dia de cada vez é a chave para transformar grandes aspirações em realidades palpáveis. Cada pequeno passo dado, cada obstáculo superado, é uma vitória que reforça a determinação e a autoconfiança. É nesse processo que nos tornamos mais fortes, mais resilientes e mais aptos a enfrentar desafios ainda maiores.
Deixemos a vaidade de lado, o egoísmo e o egocentrismo, sejamos mais humanos e menos auto piedosos. Não queira ter razão em tudo, pois quem o faz simplesmente evita confrontar suas próprias falhas e fraquezas. Olhemos a vida sob uma ótica mais leve, humana e solidária, lembrando que somos frágeis e nos fortalecemos, e que nossa passagem neste plano é muito rápida.
Vamos encarar nossos demônios internos, transformando-os em combustível para uma vida autêntica e significativa, onde o nosso propósito em servir ecoe genuinamente.
Portanto, lembre-se: a jornada do lutador representa a perseverança, a superação de desafios e a busca incessante pela excelência e crescimento pessoal. Precisamos ter a mentalidade de conquistar um dia de cada vez para que as metas estabelecidas tornem-se cada vez mais próximas. Mas tem de se mexer! Assim, pouco a pouco, você se aproxima de seus grandes objetivos, transformando sonhos em conquistas.
Mantenha-se firme e continue lutando! Ame mais a si mesmo! Ame mais o próximo!
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Parabéns! Pelas lutas e superações! Cada dia de nossas vidas estamos sempre sendo lapidados. Que Deus abençoe a vc e sua família sempre. Fraternalmente, Ribas
Obrigado Ribas, nossas lutas e superações sempre existirão e temos de encara-las de frente em nossa jornada neste plano! Sigamos na busca pela melhoria contínua.
Armando Profeta