Não alcancei o osso e ainda perdi a corrida

Não alcancei o osso e ainda perdi a corrida

A imagem: uma corrida de cães que largam em disparada atrás da isca mecânica que é um osso. Partem em assombrosa velocidade, parecendo até estarem empurrando uns aos outros. Entre latidos e muito suor, correm sem destino aparente, pois o que importa é alcançar a isca em formato de osso. Correm por várias voltas na pista, em círculos, numa corrida sem sentido, pois só há um osso e vários cães, e, aparentemente, somente um deles poderia alcançar o prêmio, mas, no final, tem-se que o osso era só a isca que fez tudo girar, e nenhum dos cachorros irá se deleitar com ele.

Essa imagem me ocorreu, um dia desses. O frenético ritmo de vida imposto a muitos de nós nos faz semelhantes aos bichanos corredores… Corremos atrás de um “osso”. As primeiras perguntas são: o que perseguimos que possa ser comparado ao “osso”? O que tem tomado nosso tempo e sugado nossas energias, a ponto de podermos nos ver dentro de uma pista em que corremos atrás de algo que não alcançaremos?

Outras perguntas ainda virão: o que deixamos de viver nessa corrida insana? Quanto tempo dispusemos nessa correria e quantas renúncias fizemos em prol dessa corrida que, possivelmente, jamais terá um fim? O que ganhamos e o que perdemos na pista de corrida? A vida é a soma de experiências acumuladas e quanto menos experiências vividas, maior será a sensação de uma vida insatisfatória.

Claro, temos nossas obrigações e temos o dever de prover para nossa vida e a dos nossos familiares. Somos pessoas responsáveis, honestas e produtivas, mas não somos reféns do trabalho e nem escravos da nossa profissão. Não somos!

Quando foi a última vez que vimos o sol nascer? Que coamos um café com calma? Que tomamos o café da manhã ao lado da esposa? Que paramos para ver um bom filme ou um livro edificante? Que brincamos ou conversamos com nossos filhos? Quando foi a última vez que vimos o sol se pôr? Quando foi a última vez que tiramos um tempo para não fazer absolutamente nada? Para estar com nossos pais ou amigos?

Não podemos correr o risco de termos passado toda uma vida numa corrida alucinante, sem ter tempo sequer para olhar ao nosso lado, para sentir quem caminha conosco, ou para olhar a arquibancada, para os rostos daqueles que nos observam, vendo também o chão pisado e o céu que orna a pista… Sei bem que todos temos nossas obrigações e cada um sabe bem onde “o calo aperta”, mas espero poder contribuir com uma reflexão sobre a medida média, sobre a mistura da água da vida, com o fubá do labor.

A vida é linda, justamente em razão da diversidade dos seus campos, que devem ser vividos de forma complementar e não excludente. Há espaço para tudo e não somente para essa corrida insana atrás de um “osso” que jamais será alcançado, e, ainda que fosse, toda a corrida teria perdido o sentido…

Como diria o poeta, alguns “se encantam mais com a rede que com o mar”… Que conosco não seja assim, que entendamos a importância da rede, sem jamais deixar de contemplar o mar que se estende infinitamente à nossa frente.

Por Alessandro Teixeira
Advogado inscrito na OAB/MG

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