O leãozinho e o Papa

O leãozinho e o Papa

Hoje a grande mídia noticiou algo tido por ela como muito importante: o encontro do compositor e cantor Caetano Veloso com o Papa Francisco.

Segundo consta nas reportagens, o artista estava em turnê pela Itália e aproveitou para dar um pulinho no Vaticano, onde encontrou com o Santo Padre.

Seria de esperar que, cada qual, se manifestasse sobre sua vocação de vida, o primeiro sobre a música e, o segundo, sobre a religião.

Justiça seja feita: não vi nas reportagens qualquer tipo de alusão às manifestações do Sumo Pontífice, que recebeu mais um dentre tantos importantes que agendaram audiências, mas não faltaram transcrições e referências à carta que o artista lhe entregou. 

O cantor decidiu apresentar o texto da carta à mídia antes de entregá-la. Embora seja uma descortesia, e um exemplo de como alguns veem as religiões e seus representantes como meros instrumentos para se promoverem, ele decidiu assim, e isso é um direito dele.

Mas a carta não falava de música, arte, espiritualidade.

O remetente arvorou-se de embaixador político, e o tema da carta foi a violência policial no Rio de Janeiro e na Bahia, que, segundo o subscritor, aumentou exponencialmente neste ano e vitimou crianças e jovens negros em maioria. 

Eis os trechos que resumem o objeto da missiva:

As vítimas têm em comum o fato de terem tido uma morte repentina enquanto viviam seus cotidianos. Com idades entre 9 e 13 anos. A chamada “guerra às drogas” até hoje não reduziu o comércio ou o uso delas. Mas o número de jovens, em sua maioria negros, mortos a bala não para de crescer.”

“A violência também tomou conta da Bahia, estado em que nasci há 81 anos. Estou assustado ao constatar que – apenas nestes primeiros 24 dias de setembro – já foram registradas pelo menos 46 mortes em confrontos policiais em todo o estado. A proporção é de quase duas mortes por dia neste mês.”

Certo, é louvável o pedido de preces em favor de nossa nação brasileira e, quanto a isso, não me importo que qualquer um que tenha acesso fácil ao Santo Pontífice, mesmo sem o meu consentimento expresso, se apresente como meu representante. 

A morte violenta de pessoa de qualquer idade, seja branca, amarela, azul e até colorida também é tema muitíssimo digno da solicitação de orações, de modo que também autorizo, tardiamente, minha representação nesse sentido.

Irônico, contudo, que esse artista em particular, cujo ativismo e preferências políticas são de conhecimento geral e que participou ativamente da campanha do governo da situação, convidando ao slogan “faz o L” se queixe exatamente do aumento de violência no decorrer do corrente deste ano.

E causa espanto que, na correspondência, ele impute a responsabilidade exclusiva de tudo isso aos policiais e à “guerra às drogas” por eles promovida, afirmando, sem qualquer lastro atuarial, que são ineficientes. E me causa ojeriza a cínica sugestão subliminar que crianças e jovens negros sejam, intencionalmente e preferencialmente, alvejados pelos agentes da lei. 

Onde, na carta, constata-se o lamento pela prevalência do narcotráfico e as milhares de vítimas que causa, a maioria jovens e crianças, que se tornam agentes dos traficantes e usuários de entorpecentes? Onde verifica-se o pedido de intervenção Divina em favor dos inúmeros pais e mães aflitos, cujos lares foram destroçados por esse mal ostensivo, não só no Brasil, mas em todo o planeta? Onde solicita-se o apelo em favor dos policiais alvejados por criminosos e a súplica por suas famílias enlutadas?

Sim, a carta possui muitas omissões propositais, talvez pela grande dificuldade do cantor em confessar suas preferências reais na batalha por ele suscitada.

Mas do escritor eu não esperava outra coisa. Na visão dessa grei em que ele se insere, a única finalidade da religião é dar suporte ao materialismo que os conduz ou mantém no poder efêmero e mundano.

Estou ansioso para saber se, em resposta, e em orações, o Santo Papa irá incluir os filhos de Deus que o oportunista cantor omitiu.

Contudo, independentemente da resposta e das orações, sei que Deus, nosso Pai, que é todo Poder, Amor, Justiça e Bondade, incluirá os silêncios e, todos os silenciados, em sua infinita misericórdia.

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