Os 50 anos do “Tubarão”

Os 50 anos do “Tubarão”

Em 1974 um jovem escritor chamado Peter Benchley lançou um romance chamado “Jaws” (*Tubarão”, no Brasil) que virou sucesso instantâneo. E que apesar de ser um best-seller sem pretensão, gerou duas consequências importantes para o mundo.

A história começava à noite, numa praia próxima a Nova York. Uma garota resolvia dar um mergulho e era devorada por um grande tubarão branco. Os restos da mocinha eram levados para autópsia e o delegado Brody decide interditar as praias. Mas o corrupto prefeito do balneário cancela a interdição para não atrapalhar o fluxo de turistas. O potencial de sucesso era tão grande que Benchley ganhou meio milhão de dólares da editora Bantam pelos direitos de publicação (o equivalente a mais de 3 milhões hoje).

Jaws virou um fenômeno global. Era o livro que todo mundo tinha lido, ou iria ler. Segundo matéria do New York Times, até o ditador cubano Fidel Castro virou fã e considerava o romance uma “esplêndida lição marxista”, pois provava que “o capitalismo arriscaria até a vida humana para manter os mercados funcionando”.

Imagem: reprodução

A primeira consequência importante do livro de Benchley foi transformar no ano seguinte um jovem de 28 anos chamado Steven Spielberg no mais bem sucedido e influente cineasta do mundo. Sua versão de Jaws quase naufragou junto com sua carreira porque o tubarão mecânico não funcionava direito nas filmagens.

Jaws acabou virando o primeiro blockbuster da História. Veio o Tubarão 2, o 3, o 4 e até hoje se produzem filmes bizarros sobre tubarões mutantes, subterrâneos, voadores, de várias cabeças, etc. No fundo, contam a mesma história que Peter Benchley escreveu em 1974.

Imagem: divulgação

A segunda consequência significativa do livro de Peter Benchley (e do filme de Spielberg) foi trágica: na pratica, justificou o massacre contínuo de tubarões pelo mundo, descritos como monstros – e não como o ápice da cadeia alimentar oceânica. Tubarões passaram a ser mortos por esporte, por diversão ou por puro sadismo – o que, além da fútil crueldade, gerou um evidente problema ambiental.

Peter Benchley percebeu o desastre que tinha criado, mesmo que sem intenção e se tornou um defensor da preservação da espécie. Chegou a viajar para Hong-Kong para fazer propaganda contra a cruel indústria da sopa de barbatana de tubarão. “Sabendo o que sei agora”, declarou Benchley pouco antes de falecer em 2006, “eu nunca teria escrito esse livro hoje. Tubarões não atacam seres humanos de propósito e certamente não guardam rancor”.

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