Os nossos partidos da farra

Os nossos partidos da farra

É impossível apontar no Brasil um partido conservador. O PL não é… Ou a maior parte dos filiados à legenda não tem nada a ver com o conservadorismo. Apesar do nome, o PL também não pode ser considerado um partido liberal… Quem mais se aproxima do liberalismo – agora que já não há mais um João Amoêdo transfigurado no comando – é o Partido Novo. Uma passada de olhos pela lista de 29 partidos registrados no TSE comprova a dificuldade tremenda que é definir o que cada um defende, suas bandeiras, sua linha ideológica. O que temos, quase sempre, são os “sacos de gatos”, uma reunião de oportunistas e egoístas.

A maioria da nossa “classe política” não é formada verdadeiramente por políticos. O que encontramos em grande número são negociantes, barganhistas, vendilhões. Eles só querem se dar bem, se entregar a negociatas, mamatas, falcatruas, velhacaria. Não há preocupação genuína com o bem do Brasil e dos brasileiros. Infelizmente, tem sido assim desde o início da nossa República. Virou uma tradição contra a qual os protestos invariavelmente são tímidos. E parece não haver Justiça capaz de expurgar essa gente, ou fazê-la se arrepender, pedir perdão e se endireitar.

Num país ideal, não deve despencar sobre os ombros e no bolso dos pagadores de impostos a manutenção de partidos políticos, muito menos o financiamento de campanhas eleitorais

Nossos partidos políticos são praticamente um balcão de negócios, e há muito dinheiro nisso, cada vez mais… O orçamento para o fundo eleitoral praticamente dobrou em 2024, são quase R$ 5 bilhões. E ainda tem o Fundo Partidário, de R$ 1,2 bilhão. Quem banca tudo isso são os pagadores de impostos. Eles sustentam as máquinas comandadas por gente como Baleia Rossi, presidente do MDB; Valdemar Costa Neto, do PL; Gilberto Kassab, do PSD; Gleisi Hoffmann, do PT; Antônio Rueda, que assumiu a presidência do União Brasil no lugar de Luciano Bivar; e André Figueiredo, que substituiu Carlos Lupi no comando do PDT.

Num país ideal, não deve despencar sobre os ombros e no bolso dos pagadores de impostos a manutenção de partidos políticos, muito menos o financiamento de campanhas eleitorais. As legendas devem ser capazes de gerar sua própria receita. Que se virem com contribuições mensais dos filiados, doações, com a organização de eventos pagos, seminários, palestras, que façam rifas, vendam camisetas, bonés, bandeiras, broches, canecas… Os mais de R$ 6 bilhões dos brasileiríssimos fundos partidário e eleitoral teriam certamente destinação melhor se não fossem entregues aos caciques das legendas que nunca se preocupam realmente com nosso país.

Há tanto o que mudar… E é preciso acreditar no improvável, que nossos políticos sejam capazes de fechar as torneiras do Fundo Partidário e do fundo eleitoral que jorram para eles bilhões dos nossos impostos. É preciso lutar para que o Brasil passe a permitir as candidaturas independentes. É preciso ter esperança de que uma nova geração de políticos – políticos de verdade –, competente, honesta, coerente, apegada ao mundo real, vai substituir, em breve, as velhas raposas.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos

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