Os talentos
Talentos são aptidões que nos permitem executar certas atividades de uma maneira mais plena que as outras pessoas. Alguns conseguem jogar futebol muito bem, marcando a todo tempo “gols de placa”, ao passo que outros sequer conseguem chutar uma bola sem quebrar a vidraça do seu vizinho. Alguns têm uma mão maravilhosa para cozinhar, preparando os pratos mais deliciosos, enquanto outros conseguem queimar um simples ovo frito. Alguns conseguem “cantar como os pássaros”, diferentemente de outros que, ao se aventurarem a cantar debaixo do chuveiro, conseguem apenas criar confusão com os seus vizinhos…
Nascemos com essas capacidades de fazer uma coisa ou outra com maior ou menor desenvoltura. Não me refiro à capacitação, ao treino, ao exercício, que amplificam esses dons recebidos, mas sim àqueles talentos que são natos, que são presentes de Deus. Todos nós somos dotados de muitos talentos! Todos somos preciosos! A criação divina nos fez seres complementares, e uns vivemos dos talentos dos outros.
Claro, alguns podem ter recebido mais talentos que outros, mas todos recebemos dons de Deus. Todos nós! Uns mais, outros menos, mas todos fomos destinatários dessa marca divina, os talentos… Jesus vai, em uma das suas parábolas, falar justamente dos talentos, nos dizendo que um senhor foi viajar, “chamou seus servos e lhes confiou seus bens: a um, cinco talentos, a outro, dois talentos e ao terceiro, um – a cada qual de acordo com a sua capacidade” (Mt 25, 15).
Jesus usava as parábolas para se fazer entender. Ele era genial, era didático. A Ele não interessava apenas falar, como faziam os doutores da lei e os fariseus, que gostavam de exibir seus conhecimentos, mas queria que seus ouvintes entendessem a mensagem, e, por isso, se valia das parábolas. Nessa esteira, temos a parábola dos talentos.
No meu entender, Jesus usa a expressão talentos no sentido de dons; contudo, talento na parábola era uma medida. Para entendermos essa parábola de forma mais plena, necessário se faz que venhamos a entender o que vem a ser o “talento” mencionado por Jesus. Numa leitura rasa, parece-nos que aquele que recebeu somente um talento recebeu pouco, mas não foi isso que aconteceu…
Busquei muitas fontes no sentido de poder quantizar o valor do talento. Vi definições variadas, em que o talento representaria algo em torno de 20 quilos a 60 quilos, pois são muitas as interpretações históricas da medida, mas, apenas para que possamos seguir adiante, ficarei com a definição da Wikipedia, que nos diz que “O talento usado nos tempos do Novo Testamento pesava 58,9 kg” (Measures of Weight Jewish Encyclopedia.com, consultado em 17 de fevereiro de 2012).
Seja qual for a medida que escolhermos, uma coisa é certa: um talento era muita coisa. Para além disso, o talento, nos tempos de Jesus, quantizava metais nobres, era uma medida utilizada para medir ouro e prata. Assim, quem recebeu somente um talento na parábola, recebeu um verdadeiro tesouro…
Seguindo adiante na parábola, Jesus nos diz que transcorrido certo tempo, “o senhor voltou e foi ajustar contas com os servos. Aquele que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘senhor, tu me entregaste cinco talentos, aqui estão mais cinco que lucrei’. O Senhor lhe disse: ‘Parabéns servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu Senhor!’ Chegou também o que havia recebido dois talentos e disse: ‘senhor, tu me entregaste dois talentos, aqui estão mais dois que lucrei’. O Senhor lhe disse: ‘Parabéns servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu Senhor!’ Por fim, chegou aquele que havia recebido um só talento, e disse: ‘Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ajuntas onde não semeaste. Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. O Senhor respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu colho onde não plantei e que ajunto onde não semeei. Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence’. Em seguida o Senhor ordenou: ‘Tirai dele o talento, e dai àquele que tem dez! Pois todo aquele que tem, lhe será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado’” (Mt 25, 19-29).
Percebemos que a inteligência da parábola é multiplicativa. Jesus faz menção expressa à necessidade de exercitarmos os talentos que nos foram dados e, mais que isso, à igual necessidade de multiplicarmos esses dons. Enquanto uma medida de dinheiro pode ser multiplicada com aplicações ou com bons negócios, como multiplicar talentos que nos foram dados, quando no sentido de dons? A resposta é simples: colocando-os a serviço do próximo e consequentemente de toda a sociedade…
Se seu dom é escrever poemas, então escreva. Se é administrar o que é público, administre. Se é cantar, cante e encante. Se é ensinar, ensine com amor. Se é cuidar, cuide da melhor forma. Enfim, é muito importante que tenhamos a preocupação de colocar nossos dons a serviço do próximo, para que se multipliquem, pois se não o fizermos, enterrando-os, eles de nada servirão.
Os talentos ou dons recebidos do Senhor devem ser administrados com a clara intenção de multiplicação. Os dons que recebemos são valiosíssimos, e, por isso mesmo, precisam ser multiplicados, colocando-os a serviço do próximo e da nossa sociedade. Como dito alhures, somos seres complementares, justamente porque precisamos todos dos dons uns dos outros para o nosso desenvolvimento… Todos somos pessoas ímpares!
Assim, deixo essa breve reflexão, para que possamos buscar entender que mesmo quem recebeu um talento, recebeu uma fortuna, que precisa ser multiplicada, colocando-a a serviço do próximo! Somos seres especialíssimos, destinatários de muitos dons! Eles são a impressão digital do nosso Pai, que é a fonte de todos os dons… E aí? Vamos colocar esses dons a serviço da nossa sociedade?
Por Alessandro Teixeira
Advogado inscrito na OAB/MG
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