Polarização – a quem interessa?
A polarização se baseia em um comportamento dos seres humanos que explico em duas metáforas.
Imagine, leitor, um estilingue. Em repouso. O elástico com o pedaço de couro que recebe a pedra está frouxo, caído ao longo da forquilha de madeira. De repente, alguém que manipula o estilingue segura-o pela forquilha, a outra mão puxa o elástico, distendendo-o ao máximo. Ao soltar o elástico, o que acontece? Ele retorna ao ponto médio, onde estava antes, relaxado junto à forquilha? Não. Em grande velocidade, o elástico continua o seu movimento, ultrapassa a forquilha e estende-se bem para lá do ponto médio.
Nós, humanos, também somos assim. Vejamos:
Imagine agora que uma linda e doce mocinha, conhecida e amada por todos da sua rua, foi barbaramente assassinada por três criminosos. Quais seriam as opiniões do pessoal da rua? Vamos dividir as respostas dos moradores em percentuais:
1% – Não há o que fazer, agora é tarde.
9% – Vamos colocar câmeras e rondas na rua, para que não aconteça novamente.
30% – Justiça! Que os três sejam barbarizados exatamente como ela foi.
60% – Vingança! Que os três sofram torturas muito piores do que o que fizeram.
O pai da mocinha está entre os 60% mais radicais. Você também estaria, se visse o vídeo com imagens detalhadas do que sofreu a pobre menina. Não nos basta saber que foram presos. Também não nos basta ver os criminosos sofrendo. Queremos vê-los sofrendo MUITO!
Eis a nossa semelhança com a alegoria do estilingue.
Lemos as notícias dos absurdos que eles fizeram contra nós – independente de qual “eles e nós” seja: esquerda e direita, Israel e Hamas, Atlético e Cruzeiro, povo e governo, Ucrânia e Rússia, cidadão e bandido. Também não depende de que lado do “nós e eles” você está. Funciona igualmente para os dois lados.
Concentremo-nos na questão política:
O algoritmo identifica para qual lado você pende. Mais para a direita ou mais para a esquerda. A partir daí, você vai receber apenas notícias boas do seu lado e notícias ruins do outro lado. Pessoas importantes comentam a notícia, então, é verdade. Nem preciso perder tempo checando. Pensando bem, não é surpresa. Esse tipo de atitude é TÍPICA do lado de lá.
Depois de algum tempo, sua mente está formatada para um dos lados.
TUDO que chegar ao meu celular falando bem do meu lado, é verdade. Nem preciso checar.
TUDO que chegar ao meu celular falando bem do outro lado, é mentira. Nem preciso checar.
TUDO que chegar ao meu celular falando mal do meu lado, é mentira. Nem preciso checar.
TUDO que chegar ao meu celular falando mal do outro lado, é verdade. Nem preciso checar.
A chegada incessante de notícias causa um efeito cumulativo. Fico cada vez mais apaixonado pelo meu lado. E com mais ódio do outro lado – aqueles monstros…
Lembra-se das reações ao caso da mocinha? É agora que as coisas se juntam.
Quem não concorda com o outro lado, está nos 9% que quer providências.
Quem se sente injustiçado, com raiva, está nos 30% que quer ver aqueles safados sentirem na pele exatamente o que eles fizeram a nós.
Quem já foi longamente bombardeado pelas notícias, cada vez mais revoltantes, acumulou uma raiva descomunal e está nos 60% que querem ver aqueles desgraçados queimarem vivos no inferno – em cadeia nacional de rádio e TV.
O outro lado esticou tanto, mas tanto, o elástico do estilingue, com suas toneladas de absurdos crescentes, que não há como parar no meio do caminho. Quando soltarem meu elástico, no máximo da tensão, vou ultrapassar muito o ponto médio. Vou ao outro extremo. Vou destruir com palavras, com atos civis e jurídicos, com violência. Talvez alguém fique chocado ao me ver destruir anos de amizade e fortes laços de lealdade para com o meu irmão, sangue do meu sangue. Até que outro alguém explique – “o irmão dele é do outro lado”. “Ah, sim, aí é outra coisa. Está explicado.”
O maior exemplo histórico dessa dinâmica foi a propaganda nazista de Goebbels contra os judeus, com a diferença que, neste caso, não havia reação do outro lado. No nosso caso, então, quem estica os dois estilingues com tanta força? Quem faz tanta força pra que se formem dois lados e eles se enfrentem em uma batalha sem limites? O algoritmo?
Lembre-se: o algoritmo que manda para o seu celular as notícias de um lado é o mesmo que manda para o seu primo as notícias do outro. E o algoritmo tem um dono, que presta serviços para outros.
A quem interessa esta polarização?
Alguém que quer impor regras que ninguém neste país, jamais, aceitaria.
Alguém que quer retirar direitos civis e retirar limites do estado que ninguém, jamais, aceitaria.
A idéia é simples e genial. Divida o povo em dois lados. Faça-os responder aos abusos do outro lado sempre em dobro. O dobro de 1 é 2. O outro lado responde com 4. O lado de cá reage com 8, e o de lá, perdendo as estribeiras, devolve 16. Em pouco tempo, um lado terá tamanho ódio e temor do outro lado, que basta uma ameaça para a ordem das coisas seja revirada.
“Se vocês não aceitarem a perda de tais e tais direitos, o lado de lá vai dominar tudo.”
“Não! Aceito tudo, menos isso. Perco o que for preciso perder, para não deixar aqueles crápulas triunfarem.”
“Se vocês não permitirem ao estado fazer tais e tais coisas, o outro lado vai se espalhar como um câncer e destruir tudo.”
“Não podemos deixar. É perigoso tirar as travas de um governo, mas o outro lado é mais perigoso ainda.”
E assim, uma sociedade inteira, por motivos opostos, aceita a perda de direitos individuais, a vigilância do estado, a prisão arbitrária, a perseguição de quem professar determinadas idéias.
Hoje, um grupo de homens imensamente ricos se sente frustrado por não poder fazer absolutamente tudo o que quiserem. Os países têm governos, cheios de leis e regras, órgãos de controle para cada setor, burocracias, tribunais, congressos, uma montanha de empecilhos para que estes homens ricos ajam sem limites. A solução é remover todas estas travas, cercas, regras.
Difícil, a população não permitiria.
Será?
Divida-os em dois lados. Estimule um dos lados a esticar bastante o elástico do estilingue e espere a reação. Questão de tempo.
Rothschild, Rockfeller, Blackrock, George Soros, Klaus Schwab, sabem bem do que eu estou falando.
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Os donos do poder se reúnem todos os anos em Davos (lugar aprazível onde somente bilionários tem condição de frequentar) para desenvolverem e aprimorarem ideias e ações que assim como a polarização, visam o controle social e a manutenção do status quo.
Excelente artigo. O filme “O Dilema das Redes” trata desse tema.