Putin tem problemas
Após a contra-ofensiva fracassada da Ucrânia, Putin achou que seus problemas se resolveriam rapidamente. Com o fim do financiamento americano ao governo de Zelensky, que já ultrapassou 110 bilhões de dólares, o que sobrou do exército russo poderia fixar a nova fronteira e finalmente oxigenar a quase asfixiada economia russa. Imagem de líder vitorioso, oligarcas russos explorando recursos naturais ucranianos e agradecendo com apoio e dinheiro ao governo Putin. Final feliz.
Mas algumas coisas andaram seriamente de marcha-ré.
Biden
Com o fim dos fundos americanos destinados a auxiliar países estrangeiros em guerra, fabricantes como a Colt, Gruman, Northrop, Raytheon, pressionaram seus congressistas para que os Estados Unidos se envolvam diretamente no conflito, deslocando tropas para a Ucrânia. Seria uma guerra aberta e direta com a Rússia pela primeira vez, depois de décadas de guerras por procuração na Ásia e no Oriente Médio. Biden já está testando esta idéia na imprensa, ao anunciar esta “possibilidade”. Se a reação do público for boa, Biden pode se mostrar coerente com o antigo sentimento anti-soviético do público, enquanto acusa Trump de ser “amigo do tirano assassino Vladimir Putin”. Seria uma chance para a sua reeleição quase perdida?
Declarando guerra à Rússia, todos os limites de gastos federais com o Departamento de Defesa se extinguem. Por pior que seja a situação da economia americana, o resto de fôlego do gigante da América ainda representa muito mais ar que o resto de fôlego dos russos. O momento para um conflito direto seria exatamente este, com a nata da infantaria e dos tanques russos destruídos. A força aérea russa também não aparece mais no front, provavelmente pelo alto número de baixas e pela dificuldade de manutenção dos aviões restantes. Esperar uma recuperação russa poderia sair caro para os americanos, visto que a indústria bélica russa, especialmente a de munições de artilharia pesada e de cartuchos 7,62mm para os fuzis AK47, está finalmente atingindo os níveis desejados de produção. A indústria americana ainda está em passos lentos, vencendo vagarosamente a inércia dos tempos de paz. Mas se Washington tem alguma intenção de enviar tropas para a Ucrânia, a hora é agora.
O Front
Putin estava feliz com o desempenho de suas forças entrincheiradas que frustraram a contra-ofensiva ucraniana. Não por muito tempo. Na cidade de Avdiivka, uma tropa ucraniana achou uma brecha nas defesas e atacou as defesas russas por trás. Putin perdeu mais de 200 blindados e 13.000 soldados. Sinal da queda abrupta de qualidade dos combatentes e equipamentos.
Os vizinhos
Alemanha, Finlândia e Polônia estão prontos para o combate. Reativaram suas indústrias e fornecedores de armamentos. Recrutaram e treinaram soldados. Guarneceram suas fronteiras. Suas bases militares americanas nestes países estão recebendo mais equipamento e pessoal. A Finlândia, em especial, é um espinho na garganta russa desde 1939, quando Stalin invadiu o pequeno país vizinho, confiando que seus mais de 300 blindados e um milhão de soldados acabariam rapidamente com os 100.000 combatentes finlandeses. Carnificina. Stalin precisou trazer mais mil blindados e mais 2 milhões e meio de soldados para conseguir segurar a Karélia, região fronteiriça à Rússia. Os finlandeses não se esqueceram do aperto que passaram e se mantiveram prontos para os russos desde então. Imediatamente após a invasão da Ucrânia, a Finlândia começou um esforço importante de crescimento e modernização de suas forças armadas. Putin ameaçou atacar estes países caso fizessem algum movimento a favor da Ucrânia. Agora, seria um murro em ponta de faca.
A cozinha
Putin está na sala, recebendo as visitas e mostrando a elas como a Rússia é poderosa e temida. Na garagem, seus generais estão em desespero, correndo para consertar equipamento avariado e conseguir mais munição. Na cozinha, alguns camaradas estão pegando facas nas gavetas, preparando uma surpresa para Putin.
Há pelo menos quatro grupos armados russos lutando contra as forças de Putin, dois deles na Ucrânia e dois no interior da Rússia. São grupos que se queixam da opressão do estado, do poder judiciário controlado por Putin, do fracasso econômico e da guerra desnecessária. Entendem que esse é o momento de maior fragilidade do governo Putin nos últimos 20 anos e que devem aproveitá-lo. Além disso, há suspeitas de que o novo comando do grupo Wagner, atualmente em completo silêncio, esteja negociando com Zelensky. A Legião da Rússia Livre e o Corpo de Voluntários Russos estão forçando Putin a desviar tropas, equipamentos e, principalmente, recursos de inteligência para conter estes grupos que realizam pequenos ataques e sabotagens. Um número significativo de desertores tem desaparecido no interior da Rússia ou na própria Ucrânia, sob queixas de falta de pagamento e abandono do governo russo – falta de alimentação adequada e munição.
A sustentação política de Putin também está abalada. Se, por um lado, os oligarcas sobreviventes temem os assassinos do Kremlin, por outro lado procuram um substituto para Putin, descontentes com a inflação e as sanções econômicas. Herdaram os feudos dos colegas mortos, mas não podem viajar livremente nem fazer compras no exterior. Bilionários russos não podem comprar (nem vender) imóveis, empresas, times de futebol e iates na Europa. Um bilionário que não pode comprar um cassino em Mônaco é um bilionário insatisfeito.
F16
A contra-ofensiva ucraniana fracassou, em grande parte, por falta de apoio aéreo. Dias de tiroteio entre duas tropas em torno de um vilarejo podem ser substituídos por duas bombas de 1000 kg despejadas por um F16. A chegada dos primeiros 14 está prevista para os próximos dias. Isso não impedirá a ação do que restou da força aérea russa – isto é tarefa para os mísseis antiaéreos. Mas, com dois vôos diários, seriam 32 posições russas riscadas do mapa a cada dia. Imagine quando os outros 40 prometidos chegarem. Claro, haverá perdas destes F16. Mas o potencial desta força de abrir buracos nas defesas russas é imenso, vista a falta de oposição russa no ar. Há quem diga que são modelos ultrapassados do F16, com eletrônica antiga e motores cansados. Na verdade, eles não precisam ser muito bons. Só precisam ser melhores que os aviões restantes da Força Aérea Russa.
Back to business
O sucesso das ações ucranianas no porto de Sebastopol e na costa da Criméia fizeram Putin retirar suas forças navais da região. A perda da nau capitânia da frota russa na região, o Moskva, e de um submarino nuclear foram emblemáticas. O resultado é que navios mercantes voltaram a aportar na região, reativando o comércio de grãos da Ucrânia, receita importante que estava interrompida pela marinha russa.
Putin não pode voltar atrás. Ele precisa sair vitorioso – mesmo que parcialmente – para se manter no poder.
A Europa também não pode voltar atrás. Se Putin for premiado com território extra e com a reabertura do comércio internacional com a Rússia, a invasão de mais algum território, como a Moldávia, será questão de tempo.
Os americanos também não podem voltar atrás. Muito dinheiro já foi gasto, em meio a uma crise econômica preocupante. Se isso não trouxer uma vitória, cabeças vão rolar.
Um conflito prolongado com a Rússia seria a concretização do desastre econômico americano, há muito anunciado, há décadas avolumando-se e escurecendo no horizonte. Chineses aplaudirão esse dia. Russos também – se ainda tiverem mãos para isso.
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