Quem não tem cão, caça com tech
Dizem que foram os portugueses que inventaram o limpador de pára-brisas. A participação dos americanos foi apenas colocá-lo do lado de fora do carro.
Piadinhas à parte, o exército de Israel sempre teve que improvisar, adaptar-se e desenvolver novas tecnologias para manter-se capaz de enfrentar seus inimigos.
Golda Meir disse, uma vez, em discurso às tropas – “não precisamos que você seja melhor que um soldado árabe, precisamos que você seja melhor que 40 soldados árabes.” Esta era proporção numérica entre os exércitos da Liga Árabe e o exercito israelense, 40 para 1.
Isso se aplicava à IDF – Israel Defense Forces – e à IMI – Israel Military Industries. Boa parte dos desenvolvimentos da IMI vieram de necessidades de combate e idéias dos militares em campo. Por exemplo, os tanques israelenses anteriores ao Merkava eram Centurions, Pattons e outros tanques velhos ingleses, e americanos, reblindados, rearmados e remotorizados, fazendo frente aos modernos tanques russos. Até os russos T55, T62, T70, capturados em grande quantidade nas guerras de 1967 e 1973, foram transformados em ótimos transportes de tropas para o exército de Israel.
O terrível dilema da luta urbana, casa-a-casa, já foi experimentado pelos israelenses na guerra dos seis dias, na luta renhida pelo acesso aos locais sagrados de Jerusalém. Imagine a tensão de um combatente que está na esquina de uma casa: ele sabe que o inimigo está esperando por ele do lado de lá, virando a esquina. Ao virar a esquina para atirar, ele próprio estará exposto ao fogo inimigo. Os alemães tentaram resolver esse problema em 1943, na Batalha de Stalingrado. Como alvejar um inimigo do outro lado da esquina sem ser atingido? Use uma Krummlauf.
Não ria. Isso realmente funcionava. Muito mal, mas funcionava. E a idéia foi aproveitada pelos israelenses, quando o Coronel Amos Golan, comandante de uma unidade especializada em luta urbana trouxe à IMI uma idéia repaginada do Krummlauf. Mas, desta vez, funcionou. E muito bem.
A Corner Shot é uma coronha e empunhadura de fuzil seguida de uma dobradiça. Depois desta dobradiça, está um adaptador que recebe uma pistola, acionada pelo gatilho da empunhadura de fuzil. Abaixo da pistola há uma câmera, que leva a imagem para uma pequena tela LCD, de modo que o operador vê perfeitamente o que há do outro lado da esquina, sem esticar a cabeça para fora da sua cobertura.
Este dispositivo salvou as vidas de muitos soldados e policiais israelenses. E complicou muito a vida dos terroristas do Hamas que contavam com os labirintos das casas, das vielas apertadas e dos prédios de apartamentos de Gaza para emboscar os israelenses. Este equipamento também está sendo muito útil na luta nos túneis, onde o Hamas construiu várias curvas de 90 graus ao longo do percurso para dar aos seus a oportunidade de atingir um israelense no momento em que ele vira a esquina do túnel.
Uma importante contribuição foi feita pela dona de casa Michal Mor, que deixou as crianças com a avó, tirou a poeira do seu diploma de engenharia e criou um robô de abordagem, depois de ver sua vizinha atender à campainha e, em vez da pizza pedida, receber um coquetel Molotov de uma dupla de adolescentes palestinos.
O Kibutz Yagur, onde Michal mora, é hoje a sede da empresa que vende robôs armados para os Estados Unidos, Coréia do Sul, Canadá, Alemanha, entre outros. O robô anda sobre esteiras, recebe comando por rádio mesmo debaixo da terra e transmite imagens para o operador, que decide entre o uso de munição letal ou de borracha, entre granadas anti-pessoal e granadas de gás lacrimogênio. O robô também calcula a distância, temperatura, velocidade e direção do vento para tiros de longa distância.
Entre janeiro e novembro de 2022, o norte de Israel registrou mais de 100 ataques terroristas a residências, resultando na morte de 19 civis, 10 militares das forças de segurança e 130 terroristas. Em dezembro, Michal Mor doou alguns destes equipamentos para os Kibutz vizinhos, zerando a perda de vidas por invasão de perímetro dos Kibutz.
O Hamas apostou na luta urbana e na luta em túneis para causar um número de baixas intolerável para o exército israelense. A unidade israelense especializada em luta de túneis, a Yahalom, muito bem equipada e treinada, garante que o final será bem diferente.
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