Simbólico
Exceção feita ao Selo Nacional Brasileiro, que possui texto e grafia cem por cento republicanos, os demais símbolos nacionais – a bandeira, o hino e as armas (brasão) – conjugam, em si, aspectos híbridos da história brasileira, contendo elementos do período imperial e republicano.
Basta comparar os brasões imperial e o republicano para encontrar diversos elementos comuns, seja na forma, seja nos elementos gráficos.
A Bandeira Nacional Brasileira, da mesma forma, revela clara identidade no retângulo e losango, carecendo de algum conhecimento para enxergar além do óbvio: ainda hoje há quem repita a inculta “fakenews” de que o seu verde e o amarelo representariam as riquezas das matas e do ouro, subvertendo o fato de que são as cores respectivas das casas de Bragança e Habsburgo, unidas pelo casamento de D. Pedro I e Maria Leopoldina.
O Hino Nacional Brasileiro, talvez, seja o que mais denuncia o anseio de unir o melhor de nossa história, com vistas ao progresso esperado. A música (composição) do hino nacional é datada dos idos da independência do Brasil, quando D. Pedro I abdica o trono em favor de seu filho. Já a letra é recente, finalizada apenas em 1922.
A alusão ao “verde-louro dessa flâmula” com “paz no futuro e glória no passado”, contida na letra, parece revelar a esperança do poeta e professor Joaquim Osório Duque-Estrada que o “lábaro que ostentas estrelado” – símbolo republicano da federação introduzido em substituição ao centro da bandeira imperial – encontrasse no amor, na nobreza e na erudição imperiais a almejada paz no futuro arrimada na glória do passado.
Infelizmente, porém, o anseio de instaurar uma nova ordem mundial, substituindo progresso por progressismo, tem por contraditório método a destruição do alicerce a pretexto de construir a cobertura. As consequências desse péssimo investimento, que já conta com várias décadas de lenta implantação, têm gerado resultados bem perceptíveis.
Quando as cantoras Vanusa e Fafá de Belém, divas da música nas décadas de 70 e 80, erraram a letra do Hino Nacional Brasileiro em 2009, uma estava com idade de 54 anos e a outra com 62, o mundo veio abaixo sobre elas, não faltando repercussão em mídia, já que o tropeço, até então, era considerado absurdo e ridículo.
Para que o leitor tenha noção do tamanho da repercussão, basta dizer que na época, em pleno governo do Partido dos Trabalhadores, a Presidência da República, assessorada pelo então Ministro da Educação, sancionou uma lei que ampliava obrigações impositivas de uma lei do período militar (piada pronta).
A lei em questão é a de nº 12.031, de 21 de setembro de 2009, que acresce ao texto do artigo 39 da Lei 5.700/71, que já obrigava “o ensino do desenho e do significado da Bandeira Nacional, bem como do canto e da interpretação da letra do Hino Nacional em todos os estabelecimentos de ensino, públicos ou particulares, do primeiro e segundo graus”, sancionada pelo presidente Emílio Garrastazu Médici, a obrigação de “execução do Hino Nacional uma vez por semana” nos estabelecimentos públicos e privados de ensino fundamental.
De que adianta uma lei, contudo, se não há cultura ou intenção suficientes para cumpri-la ou fiscalizá-la?
O descaso com essas obrigações faz com que os jovens cantores apenas tenham ouvido o Hino Nacional Brasileiro em raras oportunidades, notadamente na abertura de eventos esportivos, nos quais nem sempre é apresentada a letra e ainda assim, a música é interrompida pela metade.
E se as divas das décadas de 70 e 80, já relativamente idosas e atabalhoadas pela saúde, medicamentos e problemas da vida, erraram a letra, manchando gravemente as respectivas carreiras brilhantes, agora vemos outros cantores passarem vergonha, mas sem se preocuparem muito com isso.
Em 2014 o cantor Carlinhos Brown, que contava com a idade de 52 anos, esqueceu a letra em Nova Iorque, no evento “Brasilian Day”, mostrando ao mundo a precariedade de nossa educação e de nossos artistas.
Nesse ano de 2023, as jovens cantoras pop Ludmila (28 anos) e Talíz (23 anos) entraram para o “hall da vergonha”, engrossando a lista dos profissionalmente despreparados e simbolicamente descompromissados.
Na mídia as reportagens conduzem ao lado jocoso da questão, buscando “aliviar” para as artistas que parecem ser muito mais “influencers” ideológicas populares que cantoras, já que, em se tratando de evento remunera cachê com dinheiro público, é esperado o mínimo: saber bem a letra de uma só música que deveria ser considerada a mais importante da nação.
O fato, contudo, é que ninguém se dá conta da gravidade exemplificativa disso, não pela possibilidade do erro, comum a todos, mas pelo símbolo que isso representa.
Esse que escreve aprendeu o Hino Nacional Brasileiro numa escola pública municipal em Betim, Minas Gerais, uma vez por semana, onde ensinaram que na primeira parte do hino o Brasil devemos ter atenção para a parte de “um sonho intenso, um raio vívido” e, na segunda, para “Brasil, de amor eterno seja símbolo…”
Que os comuns despertem logo para a bancarrota moral para a qual nos direcionamos rapidamente.
Certos caminhos levam a lugares certos, os outros não chegam lá. Quais temos escolhido?
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