‘Soldados do PCC’: facção brasileira expande operações nos EUA
O Primeiro Comando da Capital (PCC) está expandindo suas operações nos Estados Unidos, dominado há décadas por cartéis mexicanos. Conhecidos como “Soldados do PCC”, os criminosos atuam principalmente em Miami, Massachusetts e Pensilvânia.
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As atividades incluem lavagem de dinheiro e tráfico de armas. Embora haja tentativas de traficar cocaína para os EUA, o controle das rotas ainda é dominado pelos mexicanos.
No entanto, um relatório do Departamento de Estado Norte-Americano destaca o potencial do PCC de competir com outras facções no mercado de opioides. O governo dos EUA estima que cerca de 300 pessoas morrem diariamente em virtude do consumo ilegal dessa droga.
Deportações de membros da facção
Segundo um monitoramento de autoridades brasileiras e norte-americanas, os criminosos estão entrando ilegalmente no país. A Unidade de Operação de Fiscalização e Remoção (ERO) relatou a deportação de vários integrantes que estavam presos em Boston.
Um caso recente envolve a prisão de um integrante de 42 anos do PCC, cujo nome não foi revelado. Ele é suspeito de integrar um esquema que movimentou R$ 1,2 bilhão. “Com uma extensa rede em toda a América Latina e uma presença global em expansão, o PCC representa uma das organizações de tráfico de drogas mais importantes e preocupantes da região”, afirmou Brian Nelson, subsecretário do Tesouro para o Terrorismo e a Inteligência Financeira dos EUA, em uma declaração pública sobre o assunto.
Desde 2014, o PCC está ativo nos EUA, com movimentações financeiras em bancos norte-americanos e chineses. Para transferir ao país grandes somas de dinheiro, a facção tem utilizado contas de laranjas em lojas de câmbio de São Paulo.
Para reduzir a dependência desses intermediários, a facção tem enviado integrantes para gerenciar diretamente seus negócios no exterior.
A presença e a influência do PCC em Massachusetts
Em 2019, investigadores norte-americanos identificaram uma célula do PCC que operava em Massachusetts, conhecida como Primeiro Comando de Massachusetts.
Essa ramificação era responsável por crimes violentos, tráfico de drogas e armas, roubos e sequestros. Apesar das prisões e deportações, o grupo não foi desmantelado. “Há tempos o PCC vem eliminando atravessadores e passando a gerenciar todo o esquema da produção e do tráfico de drogas”, afirmou o delegado da Polícia Federal (PF) Marco Smith ao jornal Gazeta do Povo.
O envolvimento do PCC com o tráfico internacional de drogas está crescendo. Há suspeitas de que a facção já opere refino de cocaína em países andinos, embora ainda de forma limitada.
Marcelo Dias, analista de mercado internacional, afirmou à Gazeta do Povo que os Estados Unidos oferecem um ambiente favorável para o PCC, em razão da economia consolidada e da facilidade de acesso a armas.
“É um mercado seguro do ponto de vista dos investimentos, economia consolidada e com certa facilidade para acesso às armas”, afirmou Dias. “A facção parece estar crescendo com isso nos Estados Unidos.”
Medidas dos EUA contra o crime organizado
Rastreamentos de Inteligência resultaram na implantação de sanções norte-americanas contra pessoas ligadas ao crime organizado.
Em 15 de dezembro de 2021, o presidente Joe Biden assinou uma ordem para que o Tesouro norte-americano aplicasse penalidades contra pessoas e grupos criminosos envolvidos com o tráfico internacional de drogas, inclusive o PCC. Essas medidas visam a bloquear ativos e propriedades de suspeitos que adquirirem bens por meios ilícitos.
Além disso, um termo de cooperação entre o Tesouro norte-americano e o Ministério Público de São Paulo (MPSP), firmado em 2022, tem facilitado a troca de informações para sancionar membros do PCC e empresas usadas para lavagem de dinheiro.
Em março de 2024, os EUA anunciaram sanções contra um criminoso identificado como operador-chave na lavagem de centenas de milhões de dólares para o PCC.
As sanções também impedem transações de cidadãos norte-americanos ou pessoas no país com propriedades ligadas ao PCC, sob risco de punições legais.
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