Ucrânia, Israel e o fogo de contrabateria.

Ucrânia, Israel e o fogo de contrabateria.

Se o inimigo começa a bombardear a sua área, você não fica parado esperando tudo virar cinzas – inclusive você. Você envia sua infantaria para atacar a artilharia inimiga. Não, não vai funcionar. Vai demorar muito para organizar uma tropa e deslocar até lá. Melhor pedir um ataque aéreo aos canhões inimigos – se houver força aérea disponível. Mas armar, abastecer, planejar o vôo e executar o ataque também demora alguns minutos preciosos. A única solução imediata é o fogo de contrabateria. Usar a sua artilharia para destruir a do inimigo, logo ao primeiro tiro dele. Normalmente, essa situação se transforma em um duelo de artilharias, com um gasto imenso de obuses, destruindo grandes áreas dos dois lados, até que um dos lados seja seriamente atingido.

Os ucranianos estão penando por falta de fogo de contrabateria . Putin dispõe de muito mais munição que Zelensky. Os russos disparam 15.000 projéteis por dia na Ucrânia, contra 5.000 dos ucranianos. Ao fim do dia, os ucranianos não têm mais como responder ao fogo russo, ou seja, os russos disparam à vontade sobre alvos ucranianos, sem medo de receberem o troco. Isso imobiliza as tropas ucranianas, que precisam permanecer abrigadas abaixo do chão até a tempestade russa passar. Enquanto isso, as tropas russas se movimentam. Quando, finalmente, os ucranianos podem pôr o nariz para fora do abrigo, dão de cara com os russos, que aproveitaram a inação ucraniana para avançar no terreno sem perdas.
Israel teve problema semelhante com os terroristas do Hamas. Foguetes são disparados da faixa de Gaza: se um F16 despejar uma bomba de 500kg sobre o local dos disparos, em uma área tão densamente habitada, haverá um número inaceitável de baixas civis. Deslocar a infantaria para o local seria pedir para cair em uma arapuca.

Então, no início dos anos 90, Israel desenvolveu um canhão guiado por radar. Assim que um obus ou foguete era disparado contra Israel, o radar detectava e calculava a sua trajetória no sentido contrário, determinando o ponto de origem. O canhão era automaticamente apontado e disparava sozinho, atingindo o ponto exato do disparo inimigo, muitas vezes ainda antes que o projétil inimigo caísse em solo israelense. Genial? Sim, mas não deu certo.

Os terroristas aprenderam como a coisa funcionava e se prepararam. Estacionaram um velho caminhão russo com lançadores de foguetes simples na caçamba, o famoso sistema Katiusha, da segunda guerra mundial, bem em frente a um pequeno hospital local. Dispararam, com o motor ligado e a primeira marcha engrenada. Dois ou três segundos de disparos, cinco a oito foguetes no ar, o motorista arranca e estaciona 30 metros adiante. Dois segundos depois, um obus de 155mm israelense chega ao ponto exato onde estava o caminhão Katiusha, mas o caminhão não estava lá mais. A granada entra pelo meio da parede do hospital e explode na recepção. As câmeras da rede de TV Al-Jazeera já estavam prontas, do outro lado da rua, como combinado semanas antes. A TV europeia divulga as imagens enviadas pela Al-Jazeera. Crianças ensanguentadas, mães em desespero, amaldiçoando os perversos judeus que bombardeiam hospitais. Os canhões guiados por radar foram recolhidos imediatamente.
Os americanos aproveitaram este conceito macabro do Hamas para complicar a vida do inimigo, no momento, Putin. Colocaram um lançador de foguetes guiados por GPS em cima de um caminhão semi-blindado extremamente ágil. Este equipamento, chamado de HIMARS, dispara seus seis foguetes com 91Kg de explosivos e alcance de 30km em menos de 10 segundos e se afasta em alta velocidade (para um semi-blindado) em qualquer tipo de terreno. Quando o fogo de contrabateria russo começa a varrer a área de onde vieram os disparos, o caminhão já está bem longe, preparando outros seis disparos, e os russos desperdiçam uma quantidade significativa de projéteis de artilharia arrasando vastas áreas descampadas, no que eu chamo de “capina por meio de explosivos”.

Recentemente, o problema russo aumentou. Os americanos resolveram fornecer aos ucranianos os mísseis de 80Km de alcance, o que coloca os principais depósitos e centros de comando e logística russos dentro do alcance do HIMARS. Putin avisou que, se um único míssil cair em território russo, a Rússia entrará em guerra aberta contra todos os membros da OTAN, com possibilidade de uso de armas nucleares. A resposta americana foi cogitar, publicamente, o envio dos mísseis ATACMS, também lançados pelo HIMARS. Trata-se de um único míssil em substituição aos seis anteriores, que transporta 270Kg de explosivos a quase 4.000Km/h, com alcance de 300Km. Putin já deve estar lustrando seus mísseis nucleares, mais especificamente, os menores. A idéia seria varrer a faixa de terra entre a fronteira leste da Ucrânia e o centro do país, com armas nucleares pequenas, formando uma faixa de terra impossível de atravessar por um bom tempo, devido à radiação, entre as regiões separatistas em disputa e o resto do país. Putin solidificaria sua ocupação na Criméia, Donetsk e Luhansk, construiria a sua própria linha Maginot em torno delas e teria um bom tempo para extrair petróleo e minérios destas regiões.

Obviamente, neste caso, estamos falando de terceira guerra mundial. A OTAN – basicamente os americanos – estando com todos os seus recursos comprometidos pela guerra contra a Rússia, não teria meios para intervir significativamente em uma tentativa de invasão chinesa a Taiwan. Ou em um ataque norte-coreano contra a Coréia do Sul. Ou um ataque conjunto da Síria, Iran, Hamas, Hezbolah, Jihad Islâmica, Al Qaeda e Taleban contra Israel. Ou – muito pior, e por isso mesmo muito mais provável – tudo isso de uma vez.

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